Em se tratando do manejo alimentar de animais ruminantes, as forrageiras constituem alimento fundamental para a saúde dos rebanhos bovinos leiteiros e devem ser consumidas em quantidade adequada.
De acordo com a zootecnista do Fomento Leite Copagril, Monique Bayer, a disponibilização de pastagens permite maior taxa de ruminação, que é um hábito natural dos bovinos e, portanto, necessário de ser praticado tendo em vista os aspectos fisiológicos dos mesmos. Por meio da ruminação, os animais iniciam a degradação da fibra e proteína presentes na dieta e ainda produzem bicarbonato de sódio na saliva, elemento que é importante para promover o tamponamento do pH do rúmen, a fim de que haja um melhor aproveitamento dos nutrientes e dos demais alimentos ingeridos.
Segundo Monique, o consumo de volumoso em baixa quantidade pode gerar deficiência nutricional, a qual pode causar doenças como acidose, laminite ou ainda consequências indesejadas como perda de peso do animal, redução da produção e dos sólidos no leite.
Volumosos
Entre os tipos de volumosos comumente utilizados estão as pastagens in natura, grama tifton, capim-pioneiro, feno, pré-secado de tifton e silagens de milho, aveia e sorgo.
Dentre os alimentos volumosos, as pastagens estão entre as alternativas de menor custo para o produtor, mas, ainda assim, precisam de cuidados e investimento. “O produtor que opta por trabalhar com pastagens precisa fazer a correção de solo, que consiste em realizar aplicação de calcário de concha e fertirrigação associada à rotação de piquetes”, recomenda Monique, lembrando que esta prática enriquece o solo e, consequentemente, melhora a qualidade e o aproveitamento da pastagem.
No caso de se optar por utilizar cama de aviário ou dejetos suínos para adubação, conforme a zootecnista, é importante respeitar o período de incorporação da matéria orgânica ao solo, devido ao risco de transmissão de doenças para os bovinos, dentre elas a encefalopatia espongiforme bovina (doença da vaca louca). “O período de incorporação varia entre 20 a 25 dias”, completa.
Para se obter um bom manejo também é indicado realizar o pastejo rotacionado, em que se adota a divisão da área em piquetes e se realiza um rodízio nas subáreas disponibilizadas para pastejo. Desse modo é possível melhorar a produtividade dos animais, sem afetar a existência das plantas forrageiras.
Características
Em relação às características, os alimentos que possuem maior quantidade de grãos costumam ser mais energéticos, enquanto os mais folhosos tendem a ser mais proteicos. Significa que a silagem de milho é uma das opções mais energéticas para os rebanhos, enquanto as pastagens têm maior concentração de proteínas e baixo teor energético. “Conforme o sistema de manejo alimentar adotado pelo produtor é preciso que ele faça complementações nutricionais”, ressalta Monique.
Quantidade
Para calcular a quantidade de alimento a ser fornecida aos animais, de acordo com a técnica da Copagril, o recomendado é que cada um deles deve consumir diariamente o equivalente a cerca de 3 a 3,5% do seu peso vivo em matéria seca. “Desse total, é indicado que 40% do alimento consumido sejam concentrados e 60% sejam volumosos”, salienta Monique.
Sendo assim, por exemplo, se o animal pesa 500kg ele precisa consumir 3% desse valor, que correspondem a 15kg de matéria seca por dia (teoricamente 6kg de concentrado e 9kg de volumoso na matéria seca). “Lembrando que para realizar o cálculo referente à quantidade de matéria seca fornecida ao animal é importante considerar qual a quantidade média de água presente em cada alimento fornecido (ver box)”, ressalta a zootecnista.
Piquetes
O associado Tarcísio Afonso Goerck trabalha em família para tocar a atividade pecuária, com apoio da esposa Noeli, do filho Paulo, da nora Angela e do neto Victor. Há cerca de três anos eles adotaram o sistema de piquete rotativo na propriedade, localizada na Linha São José, em Quatro Pontes, e ficaram muito satisfeitos com a decisão, pois foi otimizada a capacidade produtiva por área.
Atualmente, cerca de 34 animais, entre vacas e novilhas, estão inseridos nesse sistema. As gramas tifton e vaqueiro recebem fertirrigação com dejetos suínos da propriedade. A área utilizada para piqueteamento corresponde a 1 hectare, formando mais de 30 piquetes. Os animais levam cerca de um mês para voltarem a pastar no mesmo espaço, garantindo que as forrageiras estejam vistosas até o próximo pastejo. Além disso, os animais não ficam expostos a barro, facilitando o controle de mastite. Outra vantagem é que este vazio sanitário nos piquetes quebra o ciclo de vida de bactérias e de parasitas, como os carrapatos, garantindo maior sanidade para os bovinos. “Hoje temos certeza de que este sistema melhora o aproveitamento das áreas de pastagem e a condição dos animais”, afirma Tarcísio.
O associado Tarcísio recebe 12 centavos de bonificação na Copagril, atingindo em janeiro deste ano 12,84% de Extrato Seco Total (EST), 28.000 UFC/ml de Contagem Bacteriana Total (CBT) e 238.000 células somáticas/ml (CCS). De acordo com o produtor, este resultado é mais facilmente atingido com base no sistema de produção de piqueteamento e demais cuidados realizados na propriedade.